Nikolas Ferreira diz que pedidos de cassação “beiram a infantilidade”

Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Nessa quinta-feira (9/3), o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) voltou a se pronunciar sobre o discurso feito por ele na tribuna da Câmara na última quarta (8/3). A fala tomou conta dos noticiários após o parlamentar usar uma peruca loira e dizer que “se sentia uma mulher” no Dia Internacional da Mulher e que “as mulheres estão perdendo seu espaço para homens que se sentem mulheres”.

No vídeo publicado nas redes sociais, o parlamentar reafirmou o posicionamento e disse que está “em uma posição de sacrifício”. Nikolas ainda mostrou imagens de trans que são atletas e exemplificou casos de desequilíbrio esportivo. “Se eu não me coloco nessa guerra para poder atacar e dizer o que eu penso, eles vão ir nos silenciando”, disse o deputado.

Alvo de pedidos de cassação protocolados por deputados federais do PSOL, PDT e PSB, ele declarou: “Isso beira a infantilidade. O artigo 53 me dá total liberdade para palavras, votos e opiniões ali na tribuna.”

“Eu estou em uma posição de sacrifício, de levar pancada de todos os lados para que isso não chegue, por exemplo, na sua filha”, ressaltou. “O ativismo LGBT é o ativismo mais persecutório que existe. Ou você concorda, ou você deve ir para a cadeia”, declarou Nikolas.

Nikolas ainda afirmou que está acontecendo uma “indignação seletiva”, e que “você pode discutir o uso da peruca, mas isso passa longe de ser um ato antidemocrático”.

“O que eles estão querendo fazer é uma retaliação para tentar me parar e colocar panos quentes no posicionamento conservador”, acrescentou Nikolas, que concluiu o vídeo dizendo que “vai precisar de muito mais pressão e de muito mais retaliação para me balançar”.

Cassação

Deputados federais anunciaram nessa quarta-feira (8/3) que pretendem entrar com pedido de cassação do mandato do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) no Conselho de Ética.

“Hoje, Dia Internacional das Mulheres, a esquerda disse que eu não poderia falar, porque não estava no meu local de fala. Eu solucionei o problema aqui [neste momento, o deputado coloca a peruca]. Hoje, eu me sinto mulher, deputada Nikole”, disse. “As mulheres estão perdendo seu espaço para homens que se sentem mulheres. Para vocês terem ideia do perigo de tudo isso, eles estão querendo colocar uma imposição de uma realidade que não é realidade”, disse o deputado na tribuna.

Depois, o deputado Nikolas Ferreira retirou a peruca e disse que “as mulheres não devem nada ao feminismo. Pelo contrário, o feminismo que exalta mulheres que nada fizeram pelas mulheres. […] Mulheres retomem sua feminilidade, tenham filhos, amem a maternidade, formem a sua família, porque dessa forma vocês colocarão luz no mundo e serão, com certeza, mulheres valorosas”.

A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) disse que ela, ao lado da bancada do partido, irá apresentar pedido de cassação do mandato de Nikolas Ferreira pelo crime de transfobia.

“Estamos falando de um homem, no Dia Internacional das Mulheres, tirou nosso tempo de fala para trazer uma fala preconceituosa, criminosa, absurda e nojenta. A transfobia ultrapassada a liberdade de discurso, que é garantida pela imunidade parlamentar. Transfobia é crime no Brasil”, disse a deputada, ao chamar o deputado de “moleque”.

A bancada do PSOL informou que irá ingressar com uma notícia-crime no Supremo Tribunal Federal (STF) para que o deputado seja responsabilizado pelo crime de transfobia. “Nenhuma transfobia terá palco. E nenhuma transfobia passará sem respostas políticas e jurídicas à altura. Transfobia é crime”, disse a deputada Erika Hilton (PSOL-SP). Erika Hilton e Duda Salabert (PDT-MG) são as primeiras deputadas federais transexuais do país.

Nas redes sociais, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), criticou a atitude do deputado. “O Plenário da Câmara dos Deputados não é palco para exibicionismo e muito menos discursos preconceituosos. Não admitirei o desrespeito contra ninguém. O deputado Nikolas Ferreira merece minha reprimenda pública por sua atitude no dia de hoje. A todas e todos que se sentiram ofendidas e ofendidos, minha solidariedade”, disse Lira.

 

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