PF diz que cartão de vacinação de Bolsonaro foi adulterado; ex-presidente nega

Foto: Alan Santos/PR.

Nesta quarta-feira (3/5), fontes da Polícia Federal (PF) afirmaram à imprensa que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sua filha Laura Bolsonaro, de 12 anos, tiveram os dados de vacinação contra a Covid-19 alterados para simular a condição de imunizados. O ex-chefe do Executivo se pronunciou dizendo que ele e Laura não se vacinaram, e negando qualquer adulteração de sua parte.

Segundo a PF, o ex-assessor de Bolsonaro, Mauro Cid, a esposa dele e sua filha também tiveram seus cartões de vacinação alterados nos sistemas SI-PNI e RNDS do Ministério da Saúde. A corporação afirma que os beneficiados poderiam usar os certificados de vacinação para “burlarem as restrições sanitárias vigentes imposta pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos)” em viagens.

A corporação cumpriu nesta quarta mandados de busca e apreensão em endereço ligado ao ex-chefe do Executivo em Brasília e chegou a prender Mauro Cid, além do policial militar Max Guilherme e o militar do Exército Sérgio Cordeiro, seguranças de Bolsonaro.

O secretário de Cultura e Turismo do município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro, João Carlos Brecha, também foi preso suspeito de inserir possíveis dados falsos na carteira de vacinação do ex-presidente.

Brecha teria acessado o sistema do ConectSus e inserido dados de vacinação no Estado do Rio de Janeiro em outubro de 2022, entre o primeiro e o segundo turno da eleição. Pouco antes de ser preso, Brecha disse que desconhecia qualquer procedimento envolvendo seu nome e que, se fosse notificado, apresentaria resposta às suas indagações. Disse ainda que não tinha “nenhuma relação com o ex-presidente ou com sua família”.

O mandado contra o ex-presidente aconteceu na casa dele localizada no condomínio Solar de Brasília II, no Jardim Botânico. Na ocasião, a PF apreendeu o celular de Bolsonaro. Nas redes sociais, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) se pronunciou sobre o caso, e disse em seu perfil no Instagram que apenas ela foi vacinada em sua família.

“Hoje a PF fez uma busca e apreensão na nossa casa, não sabemos o motivo e nem o nosso advogado não teve acesso aos autos. Apenas o celular do meu marido foi apreendido. Ficamos sabendo, pela imprensa, que o motivo seria “falsificação de cartão de vacina” do meu marido e de nossa filha Laura. Na minha casa, apenas EU fui vacinada”, disse Michelle.

Diante das acusações, Bolsonaro também se pronunciou frisando que não tomou o imunizante e negando qualquer adulteração de sua parte.

“Não existe adulteração da minha parte. Não tomei a vacina. Ponto final. Ela (Michelle) tomou a vacina nos EUA, da Janssen. E outra minha filha, que eu respondo por ela, a Laura, de 12 anos, não tomou a vacina também. Tenho laudo médico no tocante a isso. Fico surpreso com a a busca e apreensão por esse motivo”, assinalou.

A PF informou que as inserções falsas, que ocorreram entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, tiveram como consequência a possibilidade de permitir que pessoas pudessem fazer a emissão de certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes imposta pelos poderes públicos do Brasil e dos Estados Unidos.

As ações policiais acontecem dentro do inquérito que apura a atuação do que se convencionou chamar “milícias digitais”, atualmente em tramitação perante o Supremo Tribunal Federal. A Polícia Federal informou que os fatos investigados configuram em tese os crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores.

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