Caso João Miguel: furtos e sumiço de cavalo teriam motivado a morte do menino

Foto: Divulgação/PCDF

A motivação da morte de João Miguel da Silva Souza, de 10 anos, seria furtos que ele estaria cometendo contra os autores, segundo depoimentos à polícia. A criança foi morta asfixiada e teve o corpo desovado em uma fossa em área de mata no setor Lúcio Costa.

De acordo com a delegada-chefe da 8ª Delegacia de Polícia, Bruna Eiras, um carroceiro de 19 anos foi preso e disse que a namorada, uma adolescente de 16 anos, executou o menino. “Ela confessa o fato e ela se diz satisfeita com o resultado, porque agora os crimes não vão mais ocorrer”, disse. O crime teve a participação ainda de outros dois menores.

“Não há nenhuma ocorrência registrada na Polícia Civil que confirme que esse menor teria praticado esses furtos em desfavor do suspeitos, porém eles relataram isso que ele estaria furtando bomba d’água, cigarros, narguilé, galinhas e perdido um cavalo”, detalhou a delegada.

Os policiais suspeitaram que o carroceiro pudesse ter envolvimento no crime, já que o corpo de João Miguel havia sido encontrado amarrado com cabresto. “O cabresto por si só já leva a um indício que seria alguém que pudesse mexer com cavalos, e aquele local do mato onde ele foi deixado também indica que era alguém que conhecia a região, por ser um local de difícil acesso”, comentou.

Apesar da desavença, o menino de 10 anos frequentava a casa do carroceiro. Porém, o estopim teria sido o sumiço de um cavalo que João Miguel pegou emprestado do autor, mas que acabou fugindo. “Esse prejuízo, somado com vários outros, já estava incomodando bastante a família desse autor”, disse.

O crime

No dia 30 de agosto, data em que o menino foi dado como desaparecido, ele havia ido até a residência do homem para vender um cigarro eletrônico que ele havia achado no lixo. A criança sempre estava acompanhada de um primo, mas nesse dia estava sozinho. Na residência do carroceiro estava apenas a esposa dele, de 16 anos, e o irmão do autor, também de 16 anos.

“Pode-se dizer que foi crime premeditado, porque eles já tinham a intenção de praticar, mas eles não planejaram os detalhes. Eles chamaram o menor para fumar narguilé. Enquanto ele acendia o narguilé, a menina se posicionou por trás do menor e pegou uma corda e puxou pelo pescoço o João Miguel. Enquanto isso, o outro menor de 16 anos deu murros e tapas no rosto de João e colocou um vestido ali na boca, fazendo com que ele se asfixiasse”, relatou a delegada.

Após matarem o menino, os menores de idade enrolaram mais panos no corpo, vendaram os olhos dele e amarram os membros com um cabresto. Depois de alguns minutos, o carroceiro e um outro irmão dele, de 13 anos, chegaram na residência e se depararam com a cena.

“Eles enrolaram o menor no cobertor e botaram ele em um tonel amarelo de ração de cavalo. Colocaram o menor em cima da carroça e foram transportar para esse mato, onde ele foi localizado durante as investigações”, acrescenta a delegada-chefe da 8ª DP.

Cerca de 40 minutos após ocultarem o cadáver da criança, a suspeita de 16 anos postou uma foto com o cunhado de 16 anos, no story do Instagram. A publicação chamou a atenção dos investigadores, pois tinha uma música na qual citava: “E os nossos inimigos, nós vamos eliminar. Mesmo que me custe a vida, a verdade eu vou falar”.

Os menores vão responder pelo pelos atos infracionais análogos ao crime de homicídio e ocultação de cadáver. Eles, porém, seguem livres. “A Polícia Civil, por meio da Delegacia da Criança e Adolescente, já representou pela internação dos menores. Estamos no aguardo da Vara da Infância e Juventude se pronunciar a respeito”, ressaltou a delegada.

Já o carroceiro está preso e pode pegar até 15 anos de prisão por ocultação de cadáver e corrupção de menores.

Inicialmente, a PCDF informou que o pelo estado de decomposição que o corpo de João Miguel foi encontrado, ele teria sido morto havia 72 horas. No entanto, de acordo com a delegada Bruna Eiras, no decorrer das investigações, a perícia constatou que o menino foi assassinado no dia em que desapareceu.

“Verificamos que os órgãos externos, eles estavam com mais tempo de decomposição e tudo isso se deu em razão do nosso clima, da região e do fato dele estar envolto no cobertor. Isso tudo favoreceu para conservação do cadáver, que é o que nós chamamos de mumificação, ele retarda os efeitos da putrefação do cadáver”, explicou.

<
plugins premium WordPress