O combate ao incêndio que devastou parte do Parque Nacional de Brasília gerou uma intensa discussão após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) supostamente criticar o trabalho dos bombeiros, sugerindo que a corporação teria feito “corpo mole”, segundo informações do Poder 360.
Entretanto, após repercussão negativa o chefe do executivo desmentiu as críticas ao Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF).“Inventaram uma fala minha e agora estão criando falsas polêmicas. Para deixar claro: só tenho gratidão e admiração pelo trabalho dos brigadistas, da Defesa Civil e dos bombeiros de todo o Brasil no combate aos incêndios. Precisamos dar a eles mais condições de trabalho”, afirmou Lula em uma publicação na sua conta do Bluesky.
A declaração presidencial gerou revolta entre os bombeiros e a população do Distrito Federal. O governador Ibaneis Rocha (MDB) saiu em defesa da corporação, destacando o empenho dos profissionais no combate às chamas.
Ibaneis considerou como “desconhecimento e insensível ” com Corpo de Bombeiros de Brasília, da Defesa Civil e de outros agentes envolvidos, que se dedicam diturnamente a combater os focos de incêndios.
“O presidente revela não só desconhecimento, como também insensibilidade diante do efetivo trabalho do Corpo de Bombeiros de Brasília, da Defesa Civil e de outros agentes envolvidos, que se dedicam diturnamente a combater os focos de incêndios e são comprometidos com ações preventivas ao longo de todo o ano. Por esta razão, são instituições respeitadas e admiradas pela população” disse o chefe do executivo.
Ricardo Capelli, ex-interventor na segurança pública do DF e atual presidente da ABDI, endossou a suposta crítica de Lula, alimentando ainda mais a polêmica. Capelli, que busca se candidatar ao governo de Brasília, aproveitou a oportunidade para atacar os bombeiros e se posicionar ao lado do presidente.
A postura de Capelli gerou críticas da população brasiliense, com acusações de oportunismo e de tentar se promover politicamente às custas do sofrimento da população. Observadores políticos apontam que o ex-interventor tem utilizado a crise do incêndio para atacar seus adversários e construir uma imagem de salvador da pátria.
Além disso, Capelli atribuiu o aumento salarial dos bombeiros exclusivamente ao presidente Lula, desconsiderando o papel do governo local nesse processo.
A polêmica gerada pelas declarações de Lula e Capelli evidencia a necessidade de um debate mais maduro sobre a gestão de crises e a importância de reconhecer o trabalho de profissionais como os bombeiros. A população de Brasília espera que seus líderes se concentrem em encontrar soluções para os problemas da cidade e não em disputas políticas.
Incêndio Extinto
Os incêndios florestais que atingiram a Floresta Nacional de Brasília (Flona) foram extintos na quinta-feira (5). De acordo com Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), o fogo foi controlado após 48 horas do registro dos primeiros focos do fogo.
A última atualização aponta que cerca de 2.176 hectares (ha) da unidade de conservação federal foram atingidas, o que equivale a 38,58% de toda área federal protegida, localizada na cidade de Taguatinga, no Distrito Federal, a 23 quilômetros (km) do centro de Brasília.
Investigação
Por se tratar de uma área federal, a Polícia Federal (PF) é a responsável pelas investigações criminais sobre as causas do incêndio.
Em nota, o ICMBio informou que a Delegacia de Repressão a Crimes Ambientais da Superintendência da PF no Distrito Federal abriu inquérito policial apurar o que causou o incêndio. Os agentes farão uma perícia no local.
Já a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) prendeu três pessoas por suspeitas de provocar incêndios florestais na capital federal. A mais recente prisão ocorreu nesta quarta-feira (18) de forma preventiva durante a Operação Curupira, deflagrada pela Polícia Civil (PCDF). A ação faz parte de uma força-tarefa para identificar e punir pessoas envolvidas em queimadas.
Na ocasião, um homem de 50 anos foi detido acusado de atear fogo em um terreno no Lago Oeste que se alastrou para outras propriedades e para áreas de proteção ambiental. O fato aconteceu no dia 12 de agosto.
Segundo investigação da Coordenação Especial de Proteção ao Meio Ambiente, à Ordem Urbanística e ao Animal (Cepema) da Delegacia de Combate à Ocupação Irregular do Solo e aos Crimes contra a Ordem Urbanística e o Meio Ambiente (Dema), o homem disse que colocou fogo no terreno porque seria capaz de controlar. No entanto, as chamas se expandiram atingindo dez propriedades e duas áreas de proteção ambiental, que equivalem a aproximadamente 200 mil metros quadrados.
O delegado João Maciel Claro reforçou a importância das denúncias nas investigações. “Trabalhamos com a inteligência que, muitas vezes, colhe informações da população. Então é muito importante que a sociedade denuncie, principalmente, se souber a autoria. Basta ligar no 197 que todas as denúncias serão apuradas”, afirmou.
As denúncias podem ser feitas pelos seguintes canais: 197 (PCDF), 190 (PMDF), 193 (Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal) e 9224-7202 (Instituto Brasília Ambiental).