O primeiro equipamento permanente da capital da República destinado a pernoite de pessoas em situação de rua prestou 3.178 atendimentos desde a inauguração, em 23 de julho. Criado e mantido por este Governo do Distrito Federal (GDF), o Hotel Social garante noites de sono tranquilas, com segurança e conforto, para pessoas de todas as idades, acompanhados de seus animais de estimação. O serviço funciona das 19h às 8h e oferece 200 vagas para pernoite, incluindo banho quente e duas refeições — jantar e café da manhã.
“O frio chegou ao DF e o Hotel Social se tornou um abrigo seguro para quem não tem onde passar a noite”, comemorou o governador Ibaneis Rocha, em publicação nas redes sociais. “Em poucos dias, o espaço já acolheu milhares de pessoas, garantindo mais que um teto: deu proteção, dignidade e esperança. Cada atendimento representa uma vida cuidada e um compromisso firme com o bem-estar da nossa população.”
A administração é feita por uma organização da sociedade civil (OSC), selecionada por meio de edital da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes-DF). A estrutura do prédio, no Setor de Armazenagem e Abastecimento Norte (Saan), parte da região administrativa do Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), já estava pronta, mas foi reformada para atender melhor o público. O investimento anual será de R$ 7,4 milhões, com contrato de cinco anos, prorrogável por igual período.
A política pública compõe o Plano de Ação para a Efetivação da Política Distrital Para a População em Situação de Rua no Distrito Federal, coordenada pela Casa Civil. “Estamos comprometidos em mudar a realidade de quem vive em situação de vulnerabilidade extrema”, reforça o secretário-chefe da Casa Civil, Gustavo Rocha. “No hotel, além de banho e refeições, as pessoas têm acesso a atendimentos socioassistenciais e a políticas públicas que abrem caminho para um recomeço de verdade.”
A secretária de Desenvolvimento Social, Ana Paula Marra, lembra que o serviço complementa outras políticas públicas já traçadas para acolhimento desse público e fortalece a criação de vínculos: “Muitas vezes tentamos estabelecer um vínculo por meio da abordagem social, e essas pessoas não aceitam o acolhimento, por não ser no Plano Piloto e por não aceitarmos nas casas os seus animais de estimação; então, o Hotel Social fez diferença com o traslado e com essa dignidade noturna que hoje conseguimos fornecer. Acredito que é o pontapé inicial para a gente transformar a vida das pessoas que hoje se encontram nas ruas”.
Oportunidade de recomeço
As vagas são preenchidas por demanda espontânea — pessoas que, em geral, aguardam o início do atendimento em frente ao espaço — e pelos grupos que embarcam em um ônibus gratuito no Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop), na Asa Sul. Além disso, é possível chegar ao local com transporte público, com ônibus da linha 143.3, que passa na porta do estabelecimento, saindo da plataforma C da Rodoviária do Plano Piloto.
Caso seja a primeira passagem no equipamento, os cidadãos são cadastrados no sistema e têm acesso à orientação psicossocial. Na quarta-feira (13), 16 novas pessoas chegaram ao hotel. Todos recebem um crachá de identificação, com a indicação da cama e do quarto em que estão hospedados, e podem deixar as mochilas e bolsas pessoais em um guarda-volume. Os animais de estimação ficam no canil.
É liberada a entrada de todos os cidadãos, mediante a apresentação da senha, e há um quarto reservado para mulheres, pessoas transsexuais e crianças. “Temos o quarto dos homens, da família e das mulheres, para dar qualidade de vida para eles”, explica a presidente da OSC responsável, Instituto Mãos Solidárias, Juliana Nunes. “Imagine uma família chegar e precisar dormir no quarto dos homens? Então, pensando no bem-estar deles, nós colocamos um quarto para a família para a criança ficar com o pai e a mãe, e o quarto da mulher para que ela possa estar com outras mulheres.”
Acolhimento
O DF foi a primeira unidade da Federação a apresentar um plano de política pública após a suspensão das ações de abordagem à população de rua pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em 27 de maio de 2024, o GDF tornou oficial o Plano de Ação para a Efetivação da Política Distrital para a População em Situação de Rua, sob coordenação do secretário-chefe da Casa Civil. Desde então, há ações semanais de acolhimento em diversos pontos do DF.
Em julho, a vice-governadora Celina Leão, então em exercício, assinou decreto que criou o programa Acolhe DF, que propõe uma busca ativa e oferta de tratamento a pessoas em situação de rua com vício em drogas — tanto as ilícitas quanto álcool e tabaco —, criando uma linha de atendimento a essas pessoas e, consequentemente, aprimorando as ações já existentes do GDF voltadas a esse público.
Além disso, desde 2022, o governo promove, em períodos de baixas temperaturas, a chamada Ação contra o Frio, com oferta de espaços públicos para pernoite de pessoas em situação de rua. Apenas neste ano, a unidade aberta na Asa Sul, que encerrou as atividades no final de julho, registrou mais de 6,6 mil atendimentos. A estrutura tinha capacidade máxima para 110 pessoas e ficou disponível de domingo a domingo, das 19h30 às 6h, no ginásio do Centro Integrado de Educação Física (Cief), na 907 Sul.
No local, também foram oferecidos casacos e cobertores arrecadados por meio da campanha Agasalho Solidário, da Chefia-executiva de Políticas Sociais. A iniciativa, idealizada pela primeira-dama Mayara Noronha Rocha, encerrou a edição deste ano com mais de 34 mil itens arrecadados para ajudar famílias em situação de vulnerabilidade. A distribuição foi feita diariamente no abrigo provisório e em diversas ações sociais.