Dezesseis anos após o brutal assassinato de seus pais e de uma funcionária da família, a arquiteta Adriana Villela teve sua condenação anulada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em uma decisão apertada de 3 votos a 2, a Sexta Turma do tribunal acatou o argumento da defesa de que não teve acesso a provas importantes durante o processo.
O julgamento, ocorrido nesta terça-feira (2), determinou que o caso retorne às fases iniciais para uma nova avaliação.
A principal alegação da defesa, que convenceu a maioria dos ministros, foi a de “cerceamento de defesa”. Os advogados argumentaram que não tiveram acesso à íntegra de provas cruciais, como o depoimento de um dos réus que acusou Adriana de ser a mandante do crime. O ministro Otávio de Almeida Toledo, que deu o voto decisivo, ressaltou que a anulação “não se trata de absolver ninguém”, mas de “reconstituir o processo” para garantir a ampla defesa.
A decisão gerou reações imediatas. O advogado de Adriana, conhecido como Kakay, comemorou, afirmando que “a Justiça foi feita” e que sua cliente recebeu a notícia com “sentimento de alívio”. Por outro lado, o promotor do Ministério Público, Marcelo Leite, declarou que irá recorrer da decisão, pois acredita que os ministros “foram levados ao erro pela defesa”.
O caso, conhecido como “Crime da 113 Sul”, chocou Brasília em agosto de 2009. O casal de advogados José Guilherme e Maria Villela, e a funcionária Francisca Nascimento, foram mortos com mais de 70 facadas no apartamento da família. Em 2019, Adriana foi condenada a 61 anos de prisão como mandante, supostamente por desavenças financeiras. Três homens, incluindo o ex-porteiro do prédio, continuam presos, condenados por executar os assassinatos.
