Quando o cantor Hungria deixou o hospital, parecia que o pesadelo havia ficado para trás. Dias antes, ele havia sido internado em Brasília com sintomas que levantaram uma suspeita grave: intoxicação por metanol, uma substância altamente tóxica presente em bebidas adulteradas. O caso rapidamente ganhou repercussão nacional, e o público acompanhava cada atualização com apreensão.
Mas o capítulo seguinte da história foi marcado por dúvidas, interpretações técnicas e controvérsias laboratoriais. Um laudo divulgado por sua assessoria, revelou a presença de 0,54 mg/dL de metanol no sangue do cantor, um valor acima do limite de referência de 0,25 mg/dL.
Nesta terça-feira (7/9), a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) se pronunciou e descartou a hipótese de intoxicação, explicando que os níveis encontrados estavam muito abaixo da faixa considerada perigosa.
Segundo a pasta, o metanol pode aparecer em pequenas quantidades no organismo após o consumo de bebidas comuns, sem representar risco à saúde. Para ser classificado como tóxico, o índice precisaria ultrapassar 20 mg/dL — quase 40 vezes mais que o resultado encontrado.
A divergência entre os laudos motivou a solicitação de contraprova, que deve dar uma resposta mais definitiva ao caso, o resultado está previsto para até sexta-feira (10/10).
Hungria recebeu alta do DF Star no domingo (5/10), após quatro dias internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde passou por hemodiálise. O rapper foi hospitalizado às pressas com suspeita de intoxicação por metanol, após ingerir bebida alcoólica possivelmente adulterada.
O que é o metanol
O metanol é um álcool industrial, altamente tóxico, usado em solventes e outros produtos químicos. Sua ingestão pode causar intoxicação grave e até levar à morte. Nas últimas semanas, dezenas de pessoas foram internadas e pelo menos três morreram em São Paulo após consumir bebidas adulteradas com metanol.
Como o metanol afeta o corpo
Até 12 horas: sintomas discretos e enganosos, como náuseas, dor abdominal, tontura e dor de cabeça, semelhantes à embriaguez. O fígado começa a metabolizar o metanol em formaldeído e ácido fórmico. Exames podem indicar acidose metabólica e aumento do osmolar gap.
Entre 12 e 24 horas: surgem sintomas visuais — visão borrada, fotofobia e “chuva de pixels”. O ácido fórmico afeta a retina e o nervo óptico, podendo causar cegueira. Instala-se a acidose metabólica, com fraqueza, respiração acelerada e confusão mental.
Até 48 horas: risco de cegueira irreversível e falência múltipla de órgãos. O sistema nervoso central pode ser afetado, causando convulsões, coma e arritmias. O coração, pulmões e rins entram em colapso, aumentando o risco de morte mesmo com tratamento intensivo.