Os Estados Unidos suspenderam, nesta quinta-feira (20), a tarifa adicional de 40% que incidia sobre uma série de itens importados do Brasil, sobretudo os relacionados ao agronegócio. A medida foi oficializada pela Casa Branca e ocorre uma semana após o governo Donald Trump revogar a taxa de reciprocidade de 10% sobre cerca de 200 produtos importados.
A suspensão vale para produtos que chegaram ao território americano a partir de 13 de novembro — mesma data da reunião entre o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, quando o tema foi tratado.
Apesar da flexibilização, a medida não atinge o setor industrial, que continua submetido ao imposto elevado. A seguir, veja como ficou a divisão dos produtos afetados:
Permanecem com tarifas
– Máquinas;
– Motores;
– Calçados;
– Móveis;
– Café solúvel;
– Pescados;
– Mel.
Deixam de ser tarifados
– Carne bovina (todas as categorias);
– Café (verde, torrado e derivados);
– Frutas frescas, congeladas e processadas (incluindo laranja, banana, manga, abacaxi, açaí);
– Cacau e derivados;
– Especiarias (como pimenta, canela, cúrcuma e gengibre);
– Raízes e tubérculos, incluindo mandioca;
– Sucos e polpas de frutas;
– Fertilizantes (ureia, nitratos, potássicos e fosfatados).
O diretor-geral do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), Marcos Matos, chamou o decreto de “presente de Natal antecipado” e disse que o café brasileiro começava a ver a participação no mercado ocupada por outros mercados — como Colômbia e Vietnã.
“Agora é correr para reconquistar espaços nos blends e reduzir os impactos econômicos”, afirmou Matos, que havia acabado de desembarcar de um voo de Belém, voltando da COP30, quando recebeu a notícia.
Já no setor da carne, a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) disse em nota à imprensa que a reversão “reforça a estabilidade do comércio internacional e mantém condições equilibradas para todos os países envolvidos, inclusive para a carne bovina brasileira”.
A entidade declarou ainda que continuará “atuando de forma cooperativa para ampliar oportunidades e fortalecer a presença do Brasil nos principais mercados globais”.
Na indústria, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) avalia como “avanço concreto” a ordem executiva desta quinta-feira.
“A decisão do governo americano de remover a tarifa de 40% a 238 produtos agrícolas brasileiros é avanço concreto na renovação da agenda bilateral e condiz com papel do Brasil como grande parceiro comercial dos Estados Unidos”, escreveu Ricardo Alban, presidente da confederação.
Já o presidente da Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), Flávio Roscoe, reforçou a importância da diplomacia entre os países.
“A retirada da tarifa de 40% confirma aquilo que sempre defendemos: as negociações são o meio mais eficaz para reequilibrar o ambiente de negócios. O diálogo consistente entre Brasil e Estados Unidos é fundamental para proteger a indústria mineira e garantir previsibilidade aos nossos exportadores”, destacou.










