Em anúncio feito nesta quinta-feira (19/1), a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, informou que irá renunciar ao cargo até o começo de fevereiro. Ela afirmou que já não tem mais combustível para seguir na carreira e que os quase seis anos em que esteve no cargo foram desafiadores e cobraram um preço.
“Eu sei que haverá muita discussão após esta decisão sobre qual foi o chamado motivo ‘real’. O único ângulo interessante que você encontrará é que, depois de enfrentar seis anos de grandes desafios, eu sou humana. Os políticos são humanos. Damos tudo o que podemos, pelo tempo que pudermos, e então é a hora. E, para mim, é a hora”, disse.
As eleições para a definição de um novo líder do Partido Trabalhista da Nova Zelândia acontece neste domingo (22/1). A pessoa escolhida ficará no cargo até as próximas eleições gerais, marcadas para outubro deste ano. “Embora eu não vá disputar a eleição, sei que as questões que mais afetam os neozelandeses continuarão sendo o foco do governo durante este ano e nas eleições”, disse Ardern.
Direito das mulheres
Ardern surgiu no cenário mundial em 2017 quando se tornou a mulher mais jovem do mundo a assumir o posto de chefe de governo aos 37 anos de idade.
Montando uma onda de “Jacinda-mania”, ela fez uma campanha apaixonada pelos direitos das mulheres e pelo fim da pobreza infantil e da desigualdade econômica no país.
Oito meses depois de se tornar primeira-ministra, ela se tornou a segunda líder eleita a dar à luz enquanto estava no cargo, depois de Benazir Bhutto, do Paquistão. Muitos viram Ardern como parte da onda de líderes femininas progressistas, incluindo a primeira-ministra finlandesa Sanna Marin.
Seu estilo de liderança empática foi cimentado por sua resposta aos tiroteios em massa em duas mesquitas em Christchurch, em 2019, que mataram 51 pessoas e feriram 40.
Ardern rapidamente rotulou os ataques de “terrorismo” e usou um hijab quando se encontrou com a comunidade muçulmana um dia após o ataque, dizendo-lhes que todo o país estava “unido no desgosto”. Ela prometeu e entregou uma grande reforma na lei de armas dentro de um mês.
Ardern ganhou aplausos em todo o espectro político por ter lidado com a pandemia da Covid-19, que viu o país enfrentar algumas das medidas mais rigorosas do mundo, mas que também resultou em um dos menores índices de mortalidade.
Mas sua popularidade diminuiu no ano passado, pois a inflação subiu para os maiores patamares em quase três décadas, o banco central aumentou agressivamente a taxa de juros e a criminalidade aumentou.
O país tem se tornado cada vez mais dividido politicamente sobre questões como a reforma da infraestrutura hídrica proposta pelo governo e a introdução de um programa de emissões agrícolas. Ardern e os trabalhistas viram seu apoio nas pesquisas de opinião sofrer.
Comentaristas políticos dizem que a saída de Ardern reforçará o Partido Nacional conservador da oposição, mas também poderá dar aos trabalhistas uma chance de se refrescarem e se reposicionarem antes das eleições.
Com informações da Reuters