Prestes a finalizar seu prazo de licença na Câmara, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) anunciou que de fato abrirá mão de seu mandato como parlamentar para prosseguir nos Estados Unidos. Ele afirma que só retornará ao Brasil quando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes “não tiver mais força” para prendê-lo.
“Por ora eu não volto. A minha data para voltar é quando Alexandre de Moraes não tiver mais força para me prender… Eu estou me sacrificando para levar adiante a esperança de liberdade”, declarou ele, em entrevista.
O prazo da licença do congressista finaliza no próximo domingo (20), no entanto, ele considera que o trabalho que está fazendo nos EUA é “mais importante” do que o que poderia fazer no Brasil neste momento.
“Estou falando com alguns assessores. Se for o caso de perder o mandato, vou perder o mandato e continuar aqui. O trabalho que estou fazendo aqui é mais importante do que o trabalho que eu poderia fazer no Brasil. No Brasil, o STF, quer dizer, Alexandre de Moraes, ia tentar colocar uma coleira em mim, tirar meu passaporte, me fazer de refém, ficar ameaçando, como ele sempre faz, mandando a Polícia Federal na casa, abrindo inquérito, inquirindo pessoas ao meu entorno. Então, eu não vou me sujeitar a fazer isso”, pontuou.
Eduardo afirmou que não precisa de um diploma de deputado federal para ter acesso a autoridades nos EUA.
“Eu não preciso mais de um diploma de deputado federal para abrir portas e os acessos que tenho aqui. Então, a princípio eu continuo aqui. Se o Brasil estivesse vivendo uma normalidade democrática, em que o deputado pudesse falar, onde os deputados de direita pudessem ser iguais a um deputado de esquerda, que vai a organismos internacionais, como fizeram no ano passado, pedir a prisão de Jair Bolsonaro, ou a campanha do Lula livre em que o próprio Cristiano Zanin [ministro do STF], o Boulos [deputado federal] viajaram [para isso]. Mas como não tem, eu estou me sacrificando, sacrificando o mandato, para levar adiante a esperança de liberdade “,adicionou.
Questionado se tem a convicção de que seria preso caso retornasse ao Brasil, ele confirmou.
“Sim, porque o mesmo movimento feito para pegar meu passaporte está sendo feito agora para a minha prisão. Que movimento é esse? É o líder do PT [Lindberg Farias] fazendo uma solicitação ao Alexandre de Moraes, e o Alexandre de Moraes pendido à PGR [Procuradoria-Geral da República]. Em que pese o [Paulo] Gonet tivesse cinco dias de prazo para responder sobre a apreensão do meu passaporte, duas horas depois do meu anúncio de que ficaria nos Estados Unidos, o Gonet publicizou a dedisão dele de não pegar meu passaporte e, no mesmo dia, Moraes arquivou meu caso. Mas mesmo dito isso tudo, os próprios impetrantes – Lindberg e Rogério Correa – fizeram um vídeo dizendo que “se o Eduardo voltasse para o Brasil o Xandão ia pegar o passaporte dele”.
O congressista ainda desafiou Moraes a condená-lo à revelia e solicitar sua extradição.
“Então, eu não tenho segurança de retornar ao Brasil, porque agora está sendo feito o mesmíssimo movimento, mas para a minha prisão. Eu não vou, sem ter cometido crime nenhum, forçar a minha esposa e os meus familiares a me visitarem numa cadeia injusta. Eu não vou cometer o erro, por exemplo, que o Anderson Torres [ex-ministro da Justiça] cometeu, de retornar ao Brasil achando que teria um julgamento decente e minimamente constitucional. Agora, se o Alexandre de Moraes quiser, eu desafio ele a me condenar à revelia e mandar o pedido de extradição para os Estados Unidos”, completou.