Ex-diretor denuncia que sofreu assédio moral de Silvio Almeida

Foto:Joédson Alves/Agência Brasil

Além das denúncias de assédio sexual que têm se multiplicado contra Silvio Almeida, o ex-ministro dos Direitos Humanos também tem sido acusado de assédio moral por ex-subordinados. Um dos denunciantes, o sociólogo Leonardo Pinho, ex-diretor da pasta comandada por Almeida, detalhou o que se passou enquanto trabalhou com o ex-chefe.

Pinho disse que tomou coragem de relatar o que aconteceu com ele após ter recebido, minutos depois de as denúncias de assédio sexual contra Almeida virem à tona por meio da imprensa, uma ligação em tom de ameaça.

No telefonema em questão, de acordo com o sociólogo, uma pessoa com voz masculina disse: “Não vou aceitar. O complô vai ser desmantelado. Para de falar. O Silvio é sócio de grandes escritórios de advocacia. É sócio do Walfrido Warde”. Em seguida, a chamada foi encerrada.

O ex-subordinado de Almeida disse ter pedido demissão do ministério após ser vítima de diversos episódios de assédio moral praticados pelo então ministro ao longo de 2023. Em um dos ocorridos, o ex-ministro teria reagido de forma irada após Pinho ter levado ao ex-chefe queixas sobre a dificuldade de relacionamento entre Silvio e a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.

“[Eu disse a Silvio:] “A gente também precisa melhorar a relação com os ministérios, com a Anielle”, porque eu havia recebido relatos de dificuldade na relação do Silvio com a Anielle (…). Mas o ministro ficou descontrolado, transtornado, quando mencionei a Anielle. Me falou: “Você está insinuando o quê? Sou ministro de Estado, você é um m****” relatou Pinho.

Em outro ocorrido, o sociólogo relatou que Silvio pediu a ele que gravasse escondido reuniões internas do Conselho Nacional de Direitos Humanos, com pessoas de outros ministérios, para descobrir o que era discutido no colegiado, mas o ex-diretor se recusou a atender a ordem.

“Ele queria saber os detalhes da elaboração das pautas das reuniões e também das críticas ao ministério. Eu respondi que o CNDH não era de governo, mas de Estado, e que não gravaria ninguém. “Você é meu funcionário, vai fazer”, disse. Respondi: “Não vou fazer, e você tem um instrumento simples, a exoneração, se achar que estou deixando a desejar”. Aí ele desconversou” lembrou.

O ex-subordinado de Silvio Almeida ainda narrou um episódio em que achou que seria agredido pelo ex-ministro. De acordo com Pinho, o ex-chefe da pasta de Direitos Humanos vetou que a diretoria gerida pelo sociólogo, que era relacionada à população em situação de rua, atuasse em resposta a um pedido do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a questão.

Segundo o ex-diretor, Almeida o chamou na sala dele e o intimidou com palavras como “incompetente” e “vergonha”, além de dar “murros na mesa” e gritar. Para o sociólogo, o comportamento teria sido motivado justamente pela recusa dele em gravar reuniões de forma sigilosa a pedido do ex-ministro.

“O ministro me chamou para o gabinete dele, me disse que eu era incompetente e uma vergonha. Deu murros na mesa, bateu no próprio peito, foi agressivo, gritou, levantou da cadeira dele e veio do meu lado, a uns 20 centímetros, para me intimidar. Pensei que ele ia me agredir, me dar um soco” completou.

A coluna de Guilherme Amado disse ter procurado Silvio Almeida para que ele se pronunciasse sobre as acusações, mas o ex-ministro não respondeu.

 

*PN

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