O pai de Juliana Marins, Manoel Marins, revelou que o corpo da jovem não será mais cremado, mas sim sepultado, como uma precaução para caso seja necessária uma futura exumação em razão das investigações do caso. A fala ocorreu durante o velório, que acontece nesta sexta-feira (4) no Cemitério Parque da Colina, em Niterói, Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
– Ela vai ser enterrada, nós tínhamos solicitado ao juiz, através da defensoria pública, que ela pudesse ser cremada. Mas o juiz tinha dito não, porque é uma morte suspeita, não sei se o termo é esse. Então ela teria que ser enterrada para caso precisasse fazer uma exumação futura. Agora de manhã quando eu acordei, eu fui surpreendido com a notícia de que a defensoria tinha conseguido que ela fosse cremada, mas aí nós já tínhamos decidido mesmo pelo sepultamento – explicou ele, em coletiva de imprensa.
Manoel também disse que o resultado da autópsia feita no Brasil ainda deve demorar alguns dias, e explicou que no momento a família só dispõe do laudo feito na Indonésia. Ele também fez questão de agradecer ao povo brasileiro e à imprensa por ter se mobilizado em prol do caso.
– Foi através do povo brasileiro que nós conseguimos ter algumas respostas, ainda não todas. Ainda precisamos de respostas, algumas só virão depois desse segundo exame de necrópsia que foi feito.Também agradeço muito ao trabalho da imprensa, que ajudou na reverberação do caso, fazendo com que o assunto Juliana fosse para todo o Brasil. Tenho recebido relatos de pessoas de vários países falando que o caso Juliana chegou até lá – assinalou.
Na ocasião, Manoel afirmou que o caso Juliana expõe uma falta de preparo por parte da Indonésia para resgates em pontos turísticos, e chegou a dizer que sentiu pena da Defesa Civil do país em razão da escassez de recursos.
– Trata-se de despreparo, de descaso com a vida humana, de negligência, de precariedade dos serviços daquele país. Infelizmente, é um país turístico, um destino turístico mundialmente conhecido, um país que depende do turismo para sobreviver e deveria ter mais estrutura para resgatar as pessoas. (…) Nós vivemos em um país no qual estamos acostumados a um resgate rápido. Nossos bombeiros são bravos. Só que fora do Brasil, em países mais pobres, as coisas não acontecem assim. Mas deveria acontecer porque os recursos para isso não são muito grandes. O pessoal da Defesa Civil de lá, eu ficava até com pena deles, eles têm boa vontade, mas não têm recurso. Inclusive se os voluntários não tivessem chegado, é bem provável que Juliana não fosse resgatada – ponderou.
Manoel ainda compartilhou que, segundo cálculos feitos pela família com apoio de autoridades, pode-se chegar a uma média de um acidente a cada cinco dias no monte Rinjani.
– Um mês antes de Juliana morrer, já havia tido uma morte lá. Uma pessoa de 57 anos. Uma semana depois, outro rapaz caiu, mas esse conseguiu sobreviver. Foram mais de 150 acidentes naquele local nos últimos cinco anos. Se nós tirarmos o período da pandemia, em que as restrições de viagens foram grandes, dá praticamente um acidente a cada cinco dias – estimou.
Ele relatou que, em decorrência da repercussão do caso Juliana, o governo da Indonésia informou que vai rever os protocolos de segurança.
– Eu soube pela embaixada que o próprio governo central da Indonésia está revendo os protocolos. Eu disse para eles: “se vocês conseguirem rever os protocolos e evitar que novas mortes aconteçam, eu vou sentir que a morte da Juliana não foi em vão.
Com informações do PN