Tom do Brasil sobre guerra na Ucrânia não é de neutralidade, dizem Estados Unidos

Foto: Divulgação/Casa Branca

Nessa terça-feira (18/4), o governo dos Estados Unidos se disse “surpreso” com declarações dadas nos últimos dias pelo governo brasileiro, considerando que o tom de responsabilizar EUA e União Europeia (UE) pelo prolongamento da guerra na Ucrânia “não é neutro” em relação a esse conflito.

Esse posicionamento do governo americano foi manifestado pela porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, que citou a entrevista coletiva concedida na última segunda-feira (17/4), em Brasília, pelo ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, e o chanceler russo, Sergey Lavrov, que cumpre agenda em alguns países da América Latina.

“Estamos surpresos com o tom do ministro das Relações Exteriores. Este não foi um tom de neutralidade, sugerindo que EUA e UE não estão interessados na paz ou que nós tenhamos responsabilidade pela guerra. Isso está simplesmente errado”, disse ela em entrevista coletiva.

A porta-voz lembrou que EUA e UE tentaram dialogar com a Rússia desde meados de 2021, quando começaram sinais de que o país estava preparando uma invasão à Ucrânia, e explicou que os contatos foram mantidos até o início da guerra, em fevereiro de 2022. “Nenhum país arrastou a Rússia para a guerra. A Rússia escolheu iniciar esse conflito”, disse.

No Brasil, Lavrov culpou novamente “o Ocidente e a Otan” pela invasão à Ucrânia, e Vieira criticou as sanções econômicas que EUA, UE e outros países impuseram à Rússia.

A porta-voz informou que, apesar do descontentamento da Casa Branca com as recentes declarações, os laços entre os dois países não estão estremecidos. “O Brasil é um país soberano e está tomando as suas próprias decisões, embora não concordemos. Mas estamos confiantes na força de nossas relações.”

Ela também falou que os Estados Unidos e seus aliados têm se esforçado em ajudar a Ucrânia na defesa de seu território contra a Rússia e na tentativa de obter um acordo de paz duradouro. “Infelizmente a Rússia não estava interessada na paz”.

Declaração de Lula

Na semana passada, durante visita à China, Lula disse que EUA e UE deveriam parar de “incentivar a guerra” e começar “a falar de paz”. Depois, no Emirados Árabes Unidos, o presidente reforçou o tom, afirmando que ambos “terminam dando a contribuição para a continuidade desta guerra”.

EUA e UE responderam então com duras críticas a Lula. O porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, pontuou que o chefe de Estado brasileiro “está reproduzindo propaganda russa e chinesa” e que os comentários foram “simplesmente equivocados”.

Peter Stano, porta-voz principal para Assuntos Externos da União Europeia, destacou que “os Estados Unidos e a União Europeia trabalham juntos, como parceiros de uma ajuda internacional. Estamos ajudando a Ucrânia em exercícios para legítima defesa”.

Nessa terça, o porta-voz da diplomacia ucraniana, Oleg Nikolenko, reforçou o convite para que o presidente Lula visite o país “a fim de compreender as reais razões e a essência da agressão russa”.

Após as críticas, o presidente Lula afirmou que o Brasil condena a violação territorial da Ucrânia. “Ao mesmo tempo em que meu governo condena a violação da integridade territorial da Ucrânia, defendemos uma solução política negociada para o conflito”, afirmou.

A declaração foi dada por Lula durante um almoço no Itamaraty com o presidente da Romênia, Klaus Iohannis, país vizinho da Ucrânia que sofre diretamente as consequências humanitárias e econômicas da guerra de agressão unilateral, deflagrada em 24 de fevereiro de 2022 por Vladimir Putin.

 

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