Logo após virar réu, o ex-presidente Jair Bolsonaro declarou, nesta quarta-feira (26), que a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra ele se deve à “criatividade de alguns”. O líder do PL negou ter articulado a minuta para um golpe com os comandantes das Forças Armadas para suspender as eleições de 2022.
“Antes de uma hipotética assinatura de um decreto de um Estado de Defesa, como está no artigo 136 da Constituição, o presidente da República tem que convocar os conselhos da República e da Defesa. Aí seria o primeiro passo. Não adianta botar um decreto na frente do presidente e assinar. Não convoquei os conselhos, nem atos preparatórios houve para isso”, destacou o ex-presidente.
Bolsonaro também destacou que a acusação feita contra ele é “grave e infundada”.
“Vivemos momento de intranquilidade por causa da criatividade de alguns. A acusação é grave e infundada”. afirmou.
Sem responder aos questionamentos dos jornalistas, Bolsonaro falou por 50 minutos em frente ao Senado, em Brasília, ao lado de aliados no parlamento, logo após o resultado do julgamento da 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que o tornou réu hoje.
O ex-presidente afirmou que é um perseguido e criticou o ministro do STF, Alexandre de Moraes. “Pessoal já deve ter percebido a forma tão incisiva como ministro Alexandre de Moraes conduz ou se conduz, tem algo esquisito por aí. O que ele quer esconder?”, disse.
Bolsonaro criticou novamente as urnas eletrônicas e disse que “não estava sozinho” ao defender o voto impresso, mencionando o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT). Ele afirmou ainda que não é obrigado a “confiar em um programador” e que depois que falou publicamente sobre o inquérito sobre as urnas eletrônicas, após a sua vitória nas eleições de 2018, ele foi tornado secreto. Segundo ele, Moraes estaria tentando “esconder algo”.
“O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) influenciou, jogou pesado, contra eu (sic) e a favor do candidato Lula. Eu não pude mostrar imagens do Lula defendendo aborto. Mais grave ainda, o TSE fez campanha massiva para jovens de 16 e 17 anos retirassem o título. Esses jovens votam na esquerda”, falou.
A denúncia da PGR contra Bolsonaro sustenta que o ex-presidente realizou uma reunião no dia 7 de dezembro de 2022, no Palácio da Alvorada, com os comandantes do Exército, Aeronáutica e Marinha, onde teria sido apresentada a minuta do golpe para suspender as eleições, o que consolidaria uma ruptura democrática na visão do Ministério Público.
A denúncia afirma que o comandante da Marinha, Almir Garnier, teria topado o golpe, sendo a proposta rejeitada pelos demais comandantes. Ainda segundo a PGR, Bolsonaro tinha um discurso pronto para após o golpe encontrado na sala dele na sede do Partido Liberal (PL).
Ao comentar o julgamento que o tornou réu, o ex-presidente Bolsonaro argumentou que os comandantes militares jamais embarcariam em uma “aventura” de golpe de Estado. Disse ainda que “discutir hipóteses de dispositivos constitucionais não é crime”, em referência à minuta de Estado de Sítio ou de Defesa que tem sido interpretada pela PGR com o ato decisivo para o golpe de Estado.