No domingo (21/12), uma campanha de fim de ano estrelada pela atriz Fernanda Torres passou a dominar debates nas redes sociais em todo o país, após parte do público associar o texto do vídeo a um recado político indireto e reagir com pedidos de boicote à marca.
No comercial, Fernanda olha para a câmera e diz: “desculpa, mas eu não quero que você comece o ano com o pé direito”. Em seguida, ela explica que o desejo é que as pessoas iniciem o ano “com os dois pés”, em uma mensagem de incentivo para encarar 2026 com disposição total – “os dois pés na porta, os dois pés na estrada, os dois pés onde você quiser”.
A expressão “não começar o ano com o pé direito”, porém, foi lida por políticos e influenciadores ligados à direita como uma alusão ao campo conservador. A partir daí, a peça publicitária, pensada como mensagem motivacional de Ano Novo, foi rapidamente deslocada para o terreno da polarização política. Parlamentares como Nikolas Ferreira e Bia Kicis, além de comunicadores alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, passaram a criticar a campanha e a convocar o público a abandonar a marca.
Nas redes, vídeos de pessoas jogando chinelos fora ou trocando-os por sandálias de concorrentes se multiplicaram, muitas vezes acompanhados de frases como “vou começar o ano com o pé direito em outra marca”. Alguns perfis passaram a marcar empresas rivais e sugerir que consumidores migrassem para Ipanema, Melissa ou outras fabricantes. Em meio ao volume de críticas, os comentários da publicação original no Instagram chegaram a ser limitados, o que ampliou ainda mais a percepção de crise entre os críticos.
As críticas foram tão grandes que a marca decidiu por apagar a campanha publicitária.
Especialistas em marketing consultados por veículos de imprensa apontaram que o episódio revela como o ambiente altamente polarizado torna campanhas nacionais mais sensíveis a interpretações políticas, mesmo quando a peça não menciona diretamente temas eleitorais. Para eles, marcas com grande alcance, como a fabricante de chinelos, precisam lidar cada vez mais com o risco de ver slogans, trocadilhos e escolhas de protagonistas enquadrados em disputas ideológicas.













