O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou um gesto simbólico neste sábado (16/8) para responder às recentes medidas do governo norte-americano contra o Brasil. Em vídeo publicado nas redes sociais, o petista aparece ajoelhado no gramado do Palácio da Alvorada, com as mãos sujas de terra, plantando mudas de uva Vitória — uma das frutas brasileiras atingidas pela tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos.
No registro, Lula afirma que, caso o produto perca competitividade internacional, ele será incorporado à merenda escolar de crianças brasileiras. “Não adianta o presidente Trump taxar nossa uva. Se necessário, ela vai para a merenda escolar”, declarou.
A gravação marca mais um capítulo da troca de provocações entre Lula e o presidente dos EUA, Donald Trump. O petista disse esperar que o republicano um dia visite o Alvorada para conhecer o que chamou de “Brasil verdadeiro”, país que, segundo ele, gosta de todos os povos, incluindo norte-americanos, russos, chineses e venezuelanos.
“Estou plantando comida, e não plantando violência e ódio. Espero que um dia a gente possa conversar, presidente Trump, para o senhor aprender a qualidade do povo brasileiro”, completou.
A medida tarifária foi anunciada por Trump no mês passado e desde então tem provocado atritos entre os dois governos. Além da uva, outros produtos brasileiros foram afetados. O episódio também se soma a uma escalada de sanções: na última semana, os EUA cancelaram os vistos do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, de sua esposa e da filha de 10 anos. O mesmo já havia ocorrido com o secretário de Atenção Especializada à Saúde, Mozart Júlio Tabosa Sales, e com o ex-funcionário Alberto Kleiman.
O secretário de Estado Marco Rubio afirmou que as medidas têm relação com o programa Mais Médicos, criado no governo Dilma Rousseff e conduzido à época por Padilha, para suprir a falta de médicos em regiões periféricas e no interior do Brasil.
Na quinta-feira (14), Trump havia chamado o Brasil de “parceiro comercial terrível” e acusou o país de praticar “execução política” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que responde a processos sobre a suposta tentativa de golpe após as eleições de 2022. O norte-americano voltou a defender Bolsonaro, a quem classificou como “um homem honesto”.