O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta sexta-feira (1º) que aqueles que atuam junto ao governo dos Estados Unidos em busca de sanções contra a Corte e o próprio País fazem parte de uma organização criminosa miliciana” que age de forma “covarde e traiçoeira”.
Na sessão que marcou a abertura dos trabalhos do Supremo no segundo semestre do ano, Moraes deu as primeiras declarações públicas depois que a administração de Donald Trump impôs contra ele a chamada Lei Magnitsky. O ministro garantiu que não vai se se intimidar, e disse que seguirá trabalhando nas ações relativas à tentativa de golpe de Estado
O ministro disse que, mesmo com o avanço das investigações, há pessoas que dobram as apostas e reiteram ameaças nas redes sociais. Ele garante, porém, que a pressão não faz efeito.
“Ao fazerem as postagens, dizem ‘ainda há tempo caso você aceite a coação’. Acham que estão lidando com a laia deles. Acham que estão lidando, também, com milicianos. Mas não estão. Estão lidando com ministros da Suprema Corte brasileira”, bradou.
Sem citar nomes, mas deixando claro sobre quem falava, Moraes citou a atuação como a do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP): “Não tiveram coragem de continuar no território nacional”,.
Para o ministro, o apelo ao governo Trump para tentar frear a atuação do judiciário no Brasil é comparável à tática adotada após as eleições de 2022.
“O modus operandi golpista é o mesmo. Antes acampamentos na frente dos quartéis, invasão na Praça dos Três Poderes. Para que houvesse, como mais de 500 réus confessaram, a convocação de GLO [Garantia da Lei e da Ordem] e as Forças Armadas, gerando uma comoção nacional e a possibilidade do golpe”, disse o ministro.
“O modus operandi é o mesmo. Incentivo à taxação ao Brasil, incentivo à crise econômica, que gera crise social, que gera crise política. Para que novamente haja instabilidade social e a possibilidade de um novo ataque golpista”, acrescentou.
Moraes destacou que não é o único alvo das ameaças. Outros ministros da Corte e os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e da Câmara, Hugo Motta, (Republicanos-PB) também estão na mira das chantagens.
“Essas tentativas de obstrução à Justiça, realizadas por brasileiros, supostamente patriotas, a favor de interesses estrangeiros, têm uma única finalidade: tentar substituir o devido processo legal por um tirânico arquivamento para beneficiar determinadas pessoas que se acham acima da Constituição, da Lei e das instituições”, prosseguiu.
Em março deste ano, Eduardo pediu licença do mandato parlamentar e foi morar nos Estados Unidos, sob a alegação de perseguição política. A licença terminou no último dia 20.