Capivara atropelada no Lago Sul recebe alta do Hfaus

Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

A única sobrevivente entre as 14 capivaras vítimas de um atropelamento em 10 de julho no Lago Sul recebeu alta nesta sexta-feira (1º). O filhote foi tratado no Centro de Reabilitação da Fauna Silvestre do Distrito Federal (Hfaus) e encaminhado ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), onde será avaliado se apresenta condições de ser reintroduzido à natureza.

Na ocasião do resgate, outro animal ferido e assustado foi socorrido nas imediações e levado ao hospital. Após um mês de tratamento, a capivara que sobreviveu apresentou bons instintos de sobrevivência, além das condições clínicas favoráveis para a liberação. O biólogo Thiago Marques, responsável pelo Hfaus, informa que o animal chegou à unidade com escoriações no corpo, desidratação, pressão baixa e sinais de traumatismo cranioencefálico (TCE).

“Para evitar qualquer risco de derrame, já entramos com a hidratação e os medicamentos específicos”, explica Thiago. “Com a observação constante e os cuidados da equipe, ela conseguiu se recuperar.” A capivara também foi vermifugada para retornar saudável ao habitat natural.

A equipe multidisciplinar do hospital acompanhou de perto o processo de recuperação do filhote, que chegou também com um sangramento na orelha. Com a reposição de sangue, fluidoterapia, antibióticos, analgésicos e outros cuidados, o quadro melhorou. “Nos primeiros dias, ela nem conseguia se manter em pé, mas, com o tratamento, passou a se alimentar sozinha e hoje já está estável”, relata a veterinária residente do Hfaus, Gabrielle Moura.

No Cetas, o animal vai passar uma avaliação para aferir se possui boas habilidades locomotoras e se está se alimentando corretamente. No caso das capivaras, que são animais gregários – vivem em grupos ou bandos -, também será avaliado se o indivíduo tratado apresenta condições de viver em grupo.

Convivência em tempos de seca

Outros animais também receberam alta do Hfaus nesta sexta-feira (1º). Entre os encaminhados ao Cetas para a reintrodução na natureza, estavam um saruê, uma jiboia, alguns jabutis e diversas espécies de aves – entre elas, araras, papagaios, uma curicaca e um tucano. O período de estiagem aumenta o risco de atropelamentos, já que os animais deixam áreas afetadas pelas queimadas em fuga ou, ainda, em busca de alimento e água, muitas vezes chegando ao meio urbano.

“Entrando na cidade, que não é um ambiente para eles, pode ter uma série de possibilidades de se machucarem em conflitos com os humanos ou animais domésticos”, reforça Thiago Marques. “Durante esse período, o que a gente pede é carinho, atenção e cuidado, porque a empatia pelos animais é o que faz diminuir esses acidentes. Ao encontrar um animal silvestre ferido ou em casa, não tente expulsá-lo: acione os órgãos ambientais. Essa postura pode salvar vidas.”

O biólogo lembra ainda que as capivaras estão associadas às áreas úmidas, e os locais de travessia normalmente são sinalizados com placas, próximo a pontes ou cursos d’água onde gostam de ficar. O horário de movimentação da espécie varia entre o final da tarde e o começo da manhã, momentos em que é crucial o aumento da atenção, em especial, dos motoristas.

Lei do socorro obrigatório

Cerca de quatro capivaras deram entrada no Hfaus recentemente, vítimas de outros atropelamentos – uma ainda está em recuperação na unidade. No DF, atropelar um animal silvestre e não prestar socorro, como foi o caso que envolveu as capivaras, é crime. A ação é considerada omissão e pode trazer graves consequências, tanto para o animal quanto para quem não age corretamente.

De acordo com a Lei nº 7.283, que dispõe sobre a obrigatoriedade da prestação de socorro aos animais atropelados no DF, sancionada pelo executivo em julho de 2023, todo motorista, motociclista ou ciclista que atropelar qualquer animal, nas vias públicas do Distrito Federal está obrigado a prestar socorro imediatamente.

Em caso de acidente, a recomendação é parar em local seguro, sinalizar a via e acionar imediatamente os órgãos competentes: Polícia Militar (190), Corpo de Bombeiros (193), Brasília Ambiental (3214-5637) e Linha Verde do Ibama (0800 61 8080).

Trabalho contínuo

O Hospital e Centro de Reabilitação de Fauna Silvestre funciona 24 horas por dia, com equipe especializada no tratamento de animais vítimas de atropelamentos, queimadas, tráfico, colisão em vidraças e outros acidentes. Desde a inauguração da unidade, em março de 2024, até maio deste ano, o Hfaus já recebeu e tratou mais de 2,5 mil animais silvestres.

A unidade, vinculada ao Instituto Brasília Ambiental e gerida pela Sociedade Paulista de Medicina Veterinária (SPMV), é a primeira do país a oferecer um atendimento integrado com equipe multidisciplinar e foco na reabilitação com o objetivo de devolver os bichos à natureza após o tratamento. A equipe formada por veterinários, biólogos e outros profissionais, cuida da saúde física, nutricional, comportamental e psicológica dos animais.

Mais de 65% dos animais silvestres recebidos nas unidades especializadas do Distrito Federal foram devolvidos à natureza no primeiro semestre deste ano. De janeiro a junho, dos 3.806 animais acolhidos pelo Cetas e pelo Ibama, 2.493 foram reabilitados e soltos em seus habitats.

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