O Banco Central vetou a compra do Banco Master pelo BRB, até então uma operação vista como estratégica para o crescimento econômico do Distrito Federal. O trâmite, iniciado em março de 2025, já contava com aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Câmara Legislativa do DF, com sanção do governador Ibaneis Rocha (MDB).
Ainda assim, foi barrado sem justificativas oficiais, um movimento que, segundo o próprio Ibaneis, teria sido impulsionado por uma “interferência política do PT e do PSB contra Brasília”.
O BRB planejava adquirir 58% do capital do Master por cerca de R$ 2 bilhões, transformando-se num dos maiores bancos do país, com 15 milhões de clientes e R$ 112 bilhões em ativos . A operação prometia não só ampliar o alcance do banco, mas também gerar valor real para seus acionistas, incluindo o próprio Governo do DF, e potencialmente alavancar a economia regional.
O veto por parte do BC, a última etapa regulamentar necessária, ocorreu abruptamente, sem divulgação oficial das razões . O BRB manifestou sua confiança na operação e solicitou acesso ao documento e fundamentos técnicos que motivaram a decisão.
O timing, porém, é revelador. Na semana anterior, PT e PSB haviam apoiado um projeto de lei que visava retirar autonomia do BC, permitindo que o Congresso destituísse seus dirigentes . Para o governador Ibaneis, isso indicava que a negativa não era técnica, mas política, ainda que, posteriormente, ele tenha recuado, considerando a “pressão política” apenas uma especulação, até obter os fundamentos.
A decisão também ganha contornos políticos pelo fato de o atual presidente do Banco Central ter sido indicado diretamente pelo presidente Lula. Críticos apontam que a escolha não teve como base apenas critérios técnicos, mas sobretudo alinhamentos partidários. Essa percepção reforça a tese de que o veto à compra do Banco Master pelo BRB pode ter extrapolado a esfera regulatória, transformando-se em instrumento de disputa política e de enfraquecimento estratégico do Distrito Federal.
Se a tese de sabotagem política for confirmada, Brasília paga um preço alto pela interferência partidária: um projeto legítimo, com aval legal, abortado, e uma instituição financeira pública que enxergava nessa operação uma evolução estratégica sendo contida arbitrariamente.