Brasília volta a ser palco de movimentações políticas envolvendo nomes que marcaram alguns dos maiores escândalos de corrupção do país. O ex-senador Gim Argello, o ex-governador José Roberto Arruda, o ex-governador Agnelo Queiroz e o ex-deputado distrital Júnior Brunelli articulam seus respectivos retornos às urnas em 2026. Todos têm em comum passagens por investigações ou condenações relacionadas a esquemas de desvio de recursos públicos.
O ex-senador Gim Argello foi preso em 2016 na Operação Lava Jato, acusado de ter solicitado propina a empreiteiras investigadas na CPI da Petrobras, segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF). A investigação apontou pagamento de R$ 7,35 milhões por parte de empresas como UTC e OAS, em troca de blindagem política.
Em 2017, Gim foi condenado pelo então juiz federal Sérgio Moro a 19 anos de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e concussão. O ex-senador ficou cerca de três anos preso até conseguir, em 2022, a anulação da sentença pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), sob o argumento de incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba para julgar o caso.
Com a decisão, o processo foi remetido à Justiça do Distrito Federal, e o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF) arquivou o caso em 2024, restabelecendo os direitos políticos de Gim. Desde então, ele tem se movimentado para disputar novamente as eleições de 2026.
O ex-governador José Roberto Arruda também tenta viabilizar um retorno político. Cassado e preso em 2010 após a Operação Caixa de Pandora, ele chegou a cumprir pena e acumula condenações por falsidade ideológica, corrupção de testemunha e improbidade administrativa.
Segundo o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), Arruda ainda responde a ações penais e cíveis relacionadas ao escândalo de 2009, em que foi filmado recebendo dinheiro do então secretário Durval Barbosa — vídeo que deu origem ao chamado “Mensalão do DEM”.
Em 2024, a 2ª Vara da Fazenda Pública do DF condenou Arruda à suspensão dos direitos políticos por 12 anos e ao pagamento de multa por improbidade. No entanto, com a entrada em vigor da Lei Complementar nº 219/2025, que limitou o prazo máximo de inelegibilidade a 12 anos, ele voltou a argumentar que já teria cumprido as sanções políticas.
Atualmente, o ex-governador mantém conversas com o PSD e o PL, e busca uma legenda para disputar o Governo do Distrito Federal ou uma vaga na Câmara dos Deputados em 2026.
Outro nome que reaparece é o do ex-deputado distrital Júnior Brunelli, envolvido no episódio que ficou conhecido como “Oração da Propina”, em 2009. No vídeo que se tornou símbolo da Operação Caixa de Pandora, Brunelli aparece rezando ao lado de Durval Barbosa e agradecendo valores supostamente pagos por integrantes do governo Arruda.
Embora tenha deixado a política desde então, Brunelli também articula uma tentativa de retorno à Câmara Legislativa do DF (CLDF). Parte das investigações sobre o caso segue tramitando, e o ex-deputado ainda responde a desdobramentos do processo em instâncias cíveis.
As movimentações desses ex-integrantes do poder local ocorrem em meio a um contexto de flexibilização da legislação eleitoral e reinterpretações judiciais que têm permitido o restabelecimento de direitos políticos de condenados em casos de corrupção e improbidade.







