Em editorial da Folha de São Paulo publicado nesta segunda-feira (10), jornal expõe de maneira didática a farsa montada para afastar Ibaneis Rocha do governo e enfraquecer o poder local.
De acordo com a Folha, os atores dessa manobra estavam no mais alto escalão. O presidente Lula, o ministro Alexandre de Moraes (STF) e o então ministro da Justiça Flávio Dino movimentaram-se em sincronia. Lula acionou a intervenção, Moraes chancelou o afastamento e Dino coordenou as forças federais no terreno. Não foi coincidência – foi ação coordenada para enfraquecer a gestão local e mostrar quem manda de fato.
Dois anos depois, o Supremo Tribunal Federal arquivou o inquérito contra Ibaneis Rocha (MDB), governador do Distrito Federal. O mesmo inquérito que serviu de justificativa para afastá-lo do cargo em janeiro de 2023, numa canetada autoritária de Alexandre de Moraes. Agora, com a verdade escancarada, fica a pergunta: quem vai reparar a injustiça cometida?
A própria Folha de S. Paulo reconhece o absurdo da decisão. Não havia qualquer prova de que Ibaneis tivesse facilitado ou participado dos atos do dia 8 de janeiro. Pelo contrário: documentos mostram que ele repudiou os ataques e solicitou ajuda da Força Nacional para proteger Brasília. Ainda assim, Moraes impôs um afastamento sem embasamento legal, alegando um suposto risco de destruição de provas – que nunca existiram.
A verdade é que Ibaneis Rocha foi vítima de um plano bem arquitetado. A esquerda, com o governo Lula à frente, precisava de um bode expiatório para desviar a atenção de sua incompetência na segurança do dia 8. Afinal, o ministro Flávio Dino, então chefe da Justiça, e o GSI de Lula falharam miseravelmente em conter a invasão, mesmo com avisos prévios. Mas, em vez de investigá-los, Moraes decidiu punir Ibaneis, um governador democraticamente eleito, apenas porque sua gestão era aliada do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A Folha ainda denuncia outro escândalo: a decisão de afastamento partiu unicamente de Moraes, sem qualquer pedido formal para isso. O que havia era uma ação genérica da Advocacia-Geral da União e de Randolfe Rodrigues (PT-AP, ex-Rede) para a prisão dos envolvidos. Ninguém solicitou a prisão de Ibaneis, mas Moraes, em sua sede de poder, decidiu afastá-lo por conta própria, sem consulta ao colegiado, e só depois pediu que os demais ministros referendassem sua decisão em um julgamento virtual.