A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) realizou nesta sexta-feira (28/3) a Operação Chiusura, com o objetivo de desmantelar uma organização criminosa envolvida no tráfico interestadual de drogas e lavagem de dinheiro. A ação foi coordenada pelo Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Decor) e pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco).
Com um ano e meio de investigação, a operação incluiu o cumprimento de 19 mandados de prisão temporária e 80 de busca e apreensão. Cerca de 50 desses mandados foram executados no Distrito Federal, abrangendo regiões como Planaltina, Sobradinho, Ceilândia, Paranoá, Gama, Guará, Taguatinga e São Sebastião. Outros estados também foram alvo da operação, incluindo Goiás, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Rio Grande do Norte e Alagoas.
Entre as medidas determinadas, houve o sequestro judicial de 17 veículos e sete imóveis, sendo um deles uma residência de alto padrão em um condomínio fechado de Goiás. Além disso, dezenas de contas bancárias foram bloqueadas, incluindo as de uma fintech sediada em São Paulo, suspeita de movimentar cerca de R$ 300 milhões em três meses.
A investigação revelou uma estrutura criminosa complexa e bem organizada, composta por diferentes núcleos operando de forma coordenada no Distrito Federal e em outros estados. O grupo adquiria drogas em áreas fronteiriças e organizava sua distribuição em diversas localidades, além de realizar operações sofisticadas para ocultação dos lucros ilícitos.
No Distrito Federal e em Goiás, integrantes da organização já haviam sido presos em operações anteriores conduzidas pela 31ª e pela 6ª Delegacia de Polícia. Essas prisões permitiram a identificação de lideranças que utilizavam empresas fictícias para movimentar dinheiro do tráfico. Duas dessas empresas, sediadas em Trindade (GO), estavam registradas nos ramos de transporte de cargas e comércio de peças automotivas, sendo administradas por um núcleo familiar composto por um casal e o filho do marido. A empresa de autopeças foi criada com documentação falsa, reforçando a estratégia de ocultação de bens.
As investigações apontaram que esse esquema criminoso se estendia a estados do Nordeste e ao Mato Grosso do Sul. Em Maceió (AL), traficantes associados ao grupo tinham ligação com um líder de uma facção criminosa paulista, que está preso na Bolívia desde 2023, quando foi capturado com granadas e uma aeronave carregada de cocaína. O grupo foi responsável pelo envio de drogas ao Distrito Federal, incluindo um carregamento de skunk apreendido pela Polícia Rodoviária Federal em Ariquemes (RO), em fevereiro de 2024. Na ocasião, a droga estava escondida em um compartimento oculto de um caminhão-guincho que partiu de Brasília com destino a Taguatinga (DF).
Outro aspecto identificado foi o uso de familiares de criminosos como testas de ferro para movimentação financeira. Um dos suspeitos, suplente de vereador em Campo Grande (MS), ficou afastado de atividades públicas por dois meses, reaparecendo apenas em janeiro de 2024. O grupo chegou a ser informalmente apelidado de “Núcleo Sinaloa”, em referência ao cartel mexicano.
Os investigados mantinham um estilo de vida luxuoso, com imóveis de alto padrão e veículos caros. O líder do grupo no Distrito Federal possuía uma fazenda voltada à pecuária em Planaltina (DF) antes de se mudar para Santa Catarina. O núcleo financeiro em Goiás mantinha casas de luxo, enquanto o núcleo nordestino residia em um apartamento sofisticado em Maceió. No Mato Grosso do Sul, um dos investigados possuía uma pousada no Rio Grande do Norte, reforçando a ampla rede criminosa desarticulada pela operação.