A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) informou nesta sexta-feira (3/10) que o Instituto de Criminalística emitiu o laudo de perícia criminal referente às análises laboratoriais de amostras de bebidas consumidas pelo rapper Hungria, bem como apreendidas em uma distribuidora de Vicente Pires e em uma rede de mercados em Águas Claras.
De acordo com os peritos, não foi detectada a presença de metanol nas amostras analisadas. Os exames também apontaram que o teor de álcool anidro está em conformidade com os parâmetros do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). Outros exames ainda serão realizados para verificar eventual falsificação de rótulos, contrarrótulos, selos, lacres e do próprio líquido.
Segundo a Polícia Civil, até o momento não há confirmação de casos de intoxicação no DF decorrentes da ingestão de bebidas contendo metanol. As investigações prosseguem até a completa elucidação dos fatos.
Horas após ingerir as bebidas, Hungria deu entrada no hospital DF Star, em Brasília, com sintomas similares aos da intoxicação por metanol.
Hungria também havia consumido bebida alcoólica durante viagem a São Paulo no último fim de semana, onde fez shows na sexta, no sábado e no domingo. Os lotes das bebidas consumidas em SP e no DF seguem sob investigação. A casa noturna do show de domingo (28/9), em São Bernardo do Campo, e a distribuidora em Brasília, onde ele comprou bebidas na quarta-feira (1º/10), foram interditadas preventivamente.
Além da perícia nas bebidas e nos pontos de venda, exames de sangue do próprio rapper foram coletados para confirmar a intoxicação, mas o resultado hospitalar deve sair apenas na próxima semana. A investigação no DF é conduzida pela Divisão de Repressão aos Crimes contra a Propriedade Imaterial, da Coordenação de Repressão a Fraudes (Corf) da Polícia Civil.
Segundo caso suspeito no DF
Nesta sexta-feira (3/10), o DF começou a investigar um segundo caso de possível intoxicação por metanol. A vítima é um homem de 47 anos, entubado em estado grave, que deu entrada na UPA de Brazlândia com sintomas típicos da intoxicação. A equipe médica da unidade identificou a suspeita e recomendou transferência para UTI do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM).
O primeiro caso suspeito havia sido registrado na quinta-feira, com a internação de Hungria. Até então, casos similares eram investigados apenas em São Paulo e Pernambuco; nesta sexta-feira, suspeitas surgiram também na Bahia e no Paraná.
O que é o metanol
O metanol é um álcool industrial, altamente tóxico, usado em solventes e outros produtos químicos. Sua ingestão pode causar intoxicação grave e até levar à morte. Nas últimas semanas, dezenas de pessoas foram internadas e pelo menos três morreram em São Paulo após consumir bebidas adulteradas com metanol.
Como o metanol afeta o corpo
Até 12 horas: sintomas discretos e enganosos, como náuseas, dor abdominal, tontura e dor de cabeça, semelhantes à embriaguez. O fígado começa a metabolizar o metanol em formaldeído e ácido fórmico. Exames podem indicar acidose metabólica e aumento do osmolar gap.
Entre 12 e 24 horas: surgem sintomas visuais — visão borrada, fotofobia e “chuva de pixels”. O ácido fórmico afeta a retina e o nervo óptico, podendo causar cegueira. Instala-se a acidose metabólica, com fraqueza, respiração acelerada e confusão mental.
Até 48 horas: risco de cegueira irreversível e falência múltipla de órgãos. O sistema nervoso central pode ser afetado, causando convulsões, coma e arritmias. O coração, pulmões e rins entram em colapso, aumentando o risco de morte mesmo com tratamento intensivo.







