Esquerda deixará poder após duas décadas na Bolívia

Foto: Pixabay.

A Bolívia viverá, pela primeira vez em sua história, um segundo turno presidencial. O senador de centro-direita Rodrigo Paz Pereira (PDC) e o ex-presidente de direita Jorge “Tuto” Quiroga (Livre) disputarão a presidência em outubro, após liderarem o pleito realizado neste domingo (17).

Segundo o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), com 95,4% das atas apuradas, Paz Pereira liderava a corrida com 32,14% dos votos, seguido por Quiroga, com 26,81%. O empresário Samuel Doria Medina (Unidade), também opositor ao atual governo, ficou em terceiro lugar com 19,86%. O nome de esquerda mais bem colocado foi o presidente do Senado, Andrónico Rodríguez (Popular), com 8,22%. O candidato governista do Movimento ao Socialismo (MAS), Eduardo del Castillo, somava apenas 3,16%.

O resultado marca uma mudança no cenário político boliviano: após mais de 20 anos de hegemonia da esquerda com Evo Morales e Luis Arce, o segundo turno será disputado entre dois nomes opositores. Arce, atual presidente, optou por não concorrer à reeleição.

A eleição também foi marcada por um número expressivo de votos nulos (19,29%), incentivados por Evo Morales, impedido de concorrer após três mandatos. Os votos brancos representaram 2,45%, enquanto os válidos somaram 78,18%.

Grande surpresa do pleito, Paz Pereira, de 57 anos, despontou das últimas posições nas pesquisas pré-eleitorais para a liderança do processo. Filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora e da espanhola Carmen Pereira, ele nasceu em Santiago de Compostela, em 1967, e viveu parte da infância fora da Bolívia devido à perseguição política sofrida por seus pais durante governos militares.

Já Jorge Quiroga, de 64 anos, traz experiência no Executivo. Foi vice-presidente de Hugo Banzer entre 1997 e 2001 e assumiu a presidência após a renúncia de Banzer por motivos de saúde. Quiroga já disputou eleições presidenciais anteriormente e agora busca retornar ao poder em um momento de desgaste da esquerda.

O segundo turno, marcado para outubro, definirá quem assumirá a presidência no próximo dia 8 de novembro. Além da polarização entre dois nomes opositores, o processo sinaliza uma guinada política na Bolívia, com o eleitorado buscando alternativas à longa era do Movimento ao Socialismo (MAS).

Enquanto Paz Pereira se apresenta como uma renovação moderada, Quiroga aposta em sua experiência política e na memória de seu período à frente do país. A campanha para a rodada final deve intensificar o debate sobre economia, corrupção e o futuro das políticas sociais bolivianas.

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