Uma mulher, considerada mestiça, parece ser a terceira pessoa a ser curada do HIV, usando um novo método de transplante envolvendo sangue do cordão umbilical que abre a possibilidade de curar mais pessoas de diversas origens raciais do que era possível anteriormente, anunciaram cientistas nesta terça-feira (15/2). As informações são do jornal New York Times.
O sangue do cordão umbilical está mais amplamente disponível do que as células-tronco adultas, normalmente usadas em transplantes de medula óssea, e não precisa ser compatível com o receptor. A maioria dos doadores nos registros é de origem caucasiana, portanto, permitir apenas uma correspondência parcial tem o potencial de curar dezenas de americanos que têm HIV e câncer a cada ano, disseram os cientistas.
A mulher, que também tinha leucemia, recebeu sangue do cordão umbilical para tratar o câncer. O sangue veio de um doador parcialmente compatível, em vez da prática típica de encontrar um doador de medula óssea de raça e etnia semelhantes à do paciente. Ela também recebeu sangue de um parente próximo para dar ao seu corpo defesas imunológicas temporárias enquanto o transplante acontecia.
Os pesquisadores apresentaram detalhes do novo caso nesta terça na Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas em Denver, nos Estados Unidos. O sexo e a origem racial da paciente marcam um passo significativo no desenvolvimento de uma cura para o HIV, destacaram os pesquisadores.
— O fato de ela ser mestiça e ser mulher é muito importante cientificamente e muito importante em termos de impacto na comunidade — disse Steven Deeks, especialista em Aids da Universidade da Califórnia, em São Francisco, que não esteve diretamente envolvido nessa pesquisa.
Acredita-se que a infecção pelo HIV progride de maneira diferente em mulheres. Embora representem mais da metade dos casos de infecção por HIV no mundo, elas são apenas 11% dos participantes em ensaios de cura.
Segundo os pesquisadores, drogas antirretrovirais poderosas podem controlar o HIV, mas a “cura” é a chave para acabar com a pandemia de décadas. Em todo o mundo, quase 38 milhões de pessoas vivem com HIV, e cerca de 73% delas recebem o tratamento.
O primeiro homem a ser curado de HIV foi Timothy Ray Brown, conhecido como “o paciente de Berlim”. Ele faleceu em 2020 depois de um ressurgimento de um câncer, a leucemia.
A segunda pessoa a ser anunciada pela comunidade médica mundial como curada do HIV foi Adam Castillejo, um venezuelano conhecido como ‘paciente de Londres’.