A namorada de Fernando Sabag Montiel, o homem que tentou matar a tiros a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, na última quinta-feira (1°/9), foi presa neste domingo (4/9) pela Polícia Federal do país. Brenda Uliarte, de 23 anos, estava na estação de trem de Palermo quando foi detida.
A ordem de prisão contra Uliarte foi determinada pela juíza María Eugenia Capuchetti, responsável pelo caso, que também decretou sigilo da investigação. De acordo com o jornal argentino Clarín, apesar de a namorada de Fernando ter afirmado que não o via há dois dias, imagens de câmeras de segurança mostraram os dois juntos no dia do atentado contra Cristina Kirchner.
Além disso, o veículo de imprensa informou que, em seu depoimento, Brenda buscou se distanciar das ações do namorado, mas a Justiça apura a possibilidade de que Montiel não tenha agido sozinho, mas com a ajuda da namorada.
O caso
Fernando Sabag Montiel foi detido em Buenos Aires depois de tentar matar a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, nos arredores de sua casa, quando acontecia uma vigília em seu apoio.
Imagens divulgadas na redes sociais mostram o momento em que uma pessoa saca uma arma de fogo em frente ao rosto da ex-presidente. Segundo o presidente da Argentina, Alberto Fernández, a arma que seria usada contra Cristina, uma Bersa 380 de fabricação argentina, tinha cinco balas, mas travou na hora do disparo.
“Cristina permanece com vida porque, por alguma razão, a arma que contava com 5 balas não disparou, apesar de ter sido engatilhada” afirmou Fernández durante um pronunciamento em rede nacional entre o fim da noite de quinta e a madrugada desta sexta.
A Polícia Federal argentina prendeu Fernando André Sabag no local do crime. O documento do brasileiro obtido pelas autoridades mostra que ele nasceu em São Paulo, mas que não é filho de brasileiros e que vivia desde a década de 1990 no país vizinho, para onde se mudou aos seis anos. O homem já tinha antecedentes criminais por porte ilegal de arma e foi levado até uma base policial em Villa Lugano, bairro da zona sul da capital argentina.
Informações da polícia argentina, segundo a BBC e veículos de imprensa locais, apontam que Montiel possui tatuagens com símbolos nazistas.
A imprensa local também informou que ele se identificava em suas redes sociais como Fernando ‘Salim’ Montiel e era seguidor de grupos como ‘comunismo satânico’, entre outros ‘ligados ao radicalismo e ao ódio’, como definiu o portal do jornal La Nación, de Buenos Aires.
Polícia reseta celular
As investigações sobre o atentado contra a vice-presidente da Argentina se complicaram. Durante a força-tarefa para desbloquear a senha de acesso ao celular de Fernando Sabag Montiel, brasileiro apontado como autor do crime, o aparelho foi “resetado”, isto é, voltou às configurações originais de fábrica e perdeu os dados armazenados ali.
Por conta desse erro, nenhuma informação que existia no celular poderá servir como prova num futuro julgamento. Os dados telemáticos era considerados fundamentais para a averiguação da participação de mais pessoas no atentado e se o ato teria sido premeditado. As informações foram divulgadas neste domingo (4/9) pelos jornais “Clarín” e “La Nación”.
“É gravíssima a responsabilidade da juíza, do promotor e daqueles que manipulam o celular do acusado. Se for confirmada a informação de alguns jornalistas, iniciaremos outro processo contra todos os responsáveis por esse grande ‘erro’ judicial e/ou o possível acobertamento agravado”, protestou nas redes sociais o advogado de Kirchner, Gregorio Dalbón.
Segundo a imprensa argentina, uma divisão da Polícia Federal Argentina tentou desbloquear o celular, por meio de um software, mas não obteve sucesso. Desse modo, autoridades decidiram encaminhar o aparelho, da marca Samsung, para a Polícia de Segurança Aeroportuária (PSA)
Até ser entregue à PSA, o celular ficou em um cofre, em modo avião. Dois técnicos dizem que, quando o aparelho chegou à sede da PSA, em Ezeiza, exibia na tela um aviso de ter sido formatado. Fontes da Justiça, entretanto, não descartaram a possibilidade de recuperar os dados apagados.