O ex-presidente americano Donald Trump convocou protestos para esta terça-feira (13), quando ele se apresentará para depor em Miami às 15h (16h de Brasília). O temor de violência fez autoridades reforçarem a segurança nas imediações do tribunal. O esforço pode tornar o processo criminal contra ele ainda mais turbulento.As autoridades monitoram mobilizações e ameaças em Miami. Nesta segunda, Trump se hospedou em um dos seus hotéis, o Trump National Doral. Horas depois, um grupo de cerca de 40 pessoas foi ao local com faixas e bandeiras para prestar apoio.
No fim de semana, Kari Lake, republicana que concorreu ao governo do Arizona, disse que os promotores teriam de passar por cima dela e de “75 milhões de americanos” se quiserem atingir o ex-presidente.
“A maioria de nós é membro da NRA (Associação Nacional do Rifle)” disse.
Autoridades da Flórida monitoram as manifestações em Miami, uma delas organizada por uma célula local dos Proud Boys, grupo ligado à invasão ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. O ex-líder do grupo, Henry Tarrio, vive em Miami.
“Mesmo que o julgamento de Trump seja interrompido, ele ainda enfrentará acusações criminais. Não cooperar com o processo resultará na prisão de Trump, algo que ele quer evitar” disse Scott Anderson, analista do centro de estudos Brookings Institution, ao Estadão.
Trump enfrenta 37 acusações, das quais 31 são relacionadas a documentos secretos da Casa Branca guardados por ele em sua mansão na Flórida. Ele é o primeiro ex-presidente acusado pelo Departamento de Justiça e utiliza esse fato como prova de perseguição política. O processo representa a ameaça legal mais grave até agora contra ele.
Acusações
Trump chamou de “demente” o promotor especial, Jack Smith, que formalizou a acusação. O ex-presidente disse que a equipe dele era formada por “bandidos”. A retórica é seguida por aliados e apoiadores. Dois aliados, o senador Lindsey Graham e o deputado Jim Jordan, classificaram o processo como politicamente motivado.
De acordo com a acusação, Trump reteve intencionalmente centenas de documentos secretos. O material continha informações sobre programas nucleares, capacidades de defesa e armas dos EUA e planos de ataque do Pentágono. A acusação afirma que eles ficaram armazenados sem qualquer cuidado em diversos cômodos do resort, incluindo o banheiro e um salão de festa, e teriam sido apresentados a convidados em pelo menos duas ocasiões.
Para os promotores, as informações dos documentos colocam em risco membros das Forças Armadas e fontes do Pentágono, além de expor métodos de espionagem.
*PN