Bate-boca e disputa por pedidos de direito de resposta marcam último debate presidencial

Foto: Reprodução/TV Globo

O debate realizado na noite dessa quinta-feira (29/9), pela Rede Globo, o último antes do primeiro turno das eleições, que acontece no domingo (2/10), teve momentos de tensão entre os candidatos e pouco espaço para que os postulantes ao Palácio do Planalto confrontassem as suas propostas de governo.

O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) trocaram acusações e brigaram por direitos de resposta. Os dois, no entanto, não tiveram confronto direto durante as perguntas e respostas —ainda que Bolsonaro tenha tido uma oportunidade de enfrentar Lula. Outros cincos candidatos participaram do debate: Ciro Gomes (PDT), Luiz Felipe D’Ávila (Novo), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil) e Padre Kelmon (PTB).

Foram mais de três horas de embate, com apresentação de William Bonner —que pediu calma e deu broncas nos candidatos que não respeitaram as regras. No total, foram dezenove pedidos de direitos de respostas, dos quais 10 foram aceitos —Bolsonaro e Lula tiveram quatro, cada um; Kelmon e Soraya, um, cada um.

Já no início, no primeiro bloco do debate, quando participava do debate direto com o candidato Padre Kelmon (PTB), o presidente Jair Bolsonaro (PL) fez acusações à Lula (PT). “Nós não podemos continuar num país da roubalheira. O governo que nos antecedeu não tinha qualquer compromisso, qualquer respeito com a família brasileira. É um governo que quis impor a agenda da ideologia de gênero […], que quer a liberação das drogas. Esse governo do PT, ou melhor, desgoverno… Por exemplo, Lula defendia que se roubasse um celular para tomar uma cervejinha”, declarou Bolsonaro.

A partir disso, começou uma sequência de pedidos de direito de resposta entre os dois por causa das suas falas. Ambos trocaram acusações sobre episódios de corrupção durante os governos petistas e do atual presidente. Lula questionou Bolsonaro sobre sua gestão durante a pandemia e as acusações levantadas pela CPI da covid. Ao passo que Bolsonaro respondeu mencionando a prisão do ex-presidente e fazendo críticas aos episódios de corrupção durante os governos do PT.

“Eu só esperava que em um debate entre pessoas que querem ser presidente da República, o atual presidente tivesse um mínimo de honestidade, um mínimo de seriedade. Ele falar que eu montei quadrilha? Com a quadrilha da rachadinha dele, que ele decretou sigilo de 100 anos, com a rachadinha da família, sabe, do Ministério da Educação, com barras de ouro? Ele falar de quadrilha comigo? Ele precisava se olhar no espelho e saber o que está acontecendo no governo dele. Ele saber o que foi a quadrilha da vacina!” disse Lula, no primeiro direito de resposta.

“Mentiroso! Ex-presidiário! Traidor da pátria! Que rachadinha? Rachadinha é teus filhos roubando milhões de empresas, após a tua chegada ao poao poder. Que CPI é essa? Da farsa? Que você vem defender aqui. O que achou a meu respeito? Nada! Que dinheiro de propina? Não teve propina, propina teve o seu Carlos Gabas, do Consórcio do Nordeste! Dos governadores amigos teus! Que foi descoberto em 50 milhões de reais, e nada foi apurado”, respondeu Bolsonaro.

Já no segundo bloco, foi a vez do Padre Kelmon e da candidata Soraya Thronicke (União Brasil) protagonizarem trocas de ironias. Tudo começou quando a candidata questionou o padre a respeito das contradições do atual governo, sobretudo no que se refere às questões raciais. Kelmon respondeu dizendo que “Somos todos irmãos, o índio, o preto, o marrom. Somos todos brasileiros. Essa política cria mais divisão. Raça só existe uma, a humana. Precisamos enxergar o outro como um irmão. Essas pessoas de esquerda estão com retórica de dividir para dominar”.

Thronicke, então, criticou a falta de propostas do seu adversário, a quem chamou de “cabo eleitoral” de Bolsonaro. “Eu acho que o senhor vai dar mal com seu candidato [Jair Bolsonaro]. Quer aproveitar que não tem proposta e falar sobre imposto único. O senhor não estudou e está parecendo o seu candidato que é nem-nem: nem estuda e nem trabalha”, acusou afirmando que Kelmon é “um padre de festa junina”.

Novamente Padre Kelmon foi o centro de um bate-boca, desta vez no terceiro bloco. O seu oponente, nessa ocasião, foi Lula. O clima esquentou entre os dois depois que o petebista se dirigiu ao ex-presidente solicitando uma posição sobre as denúncias de corrupção durante os governos do petista. “O senhor é responsável pela corrupção, o senhor é um descondenado e nem deveria estar aqui”, afirmou. Em seguida, Kelmon chamou Lula de “cínico” e o clima ficou tenso. Em meio a esse clima, o jornalista William Bonner pediu calma e interrompeu. O candidato do PTB retomou então sua fala, dizendo que Lula é “fundador do foro de São Paulo” e “mente o tempo todo para o povo”.

Lula rebateu apontando que foi “absolvido” de todos os processos. “Eu acho que candidato está desinformado ou lê o que quer. Eu tive 26 denúncias mentirosas feitas por um juiz que depois virou ministro do governo de Bolsonaro. Eu fui absolvido no Brasil pela Suprema Corte e pela ONU. Na quarta-feira, 28, fui absolvido em uma outra ação pelo ministro Gilmar Mendes”, destacou. Ao longo do debate, Kelmon foi repreendido por Bonner por não seguir as regras e interromper a fala do outro candidato.

No quarto bloco, já no início, foi sorteado para a candidata do União Brasil, Soraya Thronicke, perguntar sobre Segurança Pública. No entanto, ela escolheu o presidente Jair Bolsonaro (PL) para debater e perguntou se o chefe do Executivo pretendia dar um golpe, caso não fosse eleito.

Bolsonaro disse que esse não era o tema da rodada, sobre segurança pública, e não respondeu a respeito de uma possível ruptura institucional. Ela, então, o perguntou se ele tomou a vacina contra a covid-19. O presidente, por mais uma vez, não respondeu. “Comprei 500 milhões de doses de vacina. Vacinou-se quem quis. Quem não quiser tomar vacina, que não tome”.

Bolsonaro ainda acusou que a senadora o ataca tanto porque não atendeu os pedidos por cargos que a candidata fez para empregar nomes indicados por ela em cargos comissionados. “A senhora seria muito dócil comigo, por exemplo, se eu tivesse atendido a senhora em todos os cargos que a senhora pediu para mim, por ofício, assinado”. “A senhora está fazendo um papel de laranja, com certeza”, acusou também o presidente.

Na última rodada dos debates, o ex-presidente Lula questionou Ciro sobre como reduzir os problemas climáticos globais, olhando em especial no combate ao desmatamento. O ex-governador do Ceará disse que pretende instituir um “zoneamento econômico e ecológico” na Amazônia a fim de impedir o desmatamento “porque 40 milhões de irmãos nossos moram” na região. O candidato também citou a necessidade de “extrair a riqueza da floresta em pé”. Já Lula, na réplica, prometeu que em um futuro governo, “não haverá ocupação irregular, nem garimpo ilegal”.

 

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